Estado alia políticas públicas, tecnologia e crédito verde para recuperar milhões de hectares e fortalecer a economia de baixo carbono
Mato Grosso do Sul passou a ocupar posição de destaque no cenário nacional ao avançar de forma consistente na recuperação de pastagens degradadas, tema considerado estratégico para assegurar produtividade, competitividade e sustentabilidade no campo. A iniciativa integra uma política de Estado voltada à modernização da agropecuária e à segurança alimentar, com foco em inovação e responsabilidade ambiental.
De acordo com o secretário de Estado Jaime Verruck, titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), o modelo adotado demonstra que é possível ampliar a produção sem abrir mão da preservação. “O Estado prova que tecnologia, gestão eficiente e compromisso ambiental podem caminhar juntos, gerando resultados concretos”, afirmou.
O território sul-mato-grossense possui cerca de 4,7 milhões de hectares de pastagens com potencial de recuperação. Diante desse cenário, o governo estruturou uma resposta de longo prazo, transformando um passivo histórico em oportunidade para impulsionar a chamada economia verde. A articulação entre políticas públicas, linhas de crédito sustentáveis e pesquisa aplicada colocou o Estado entre os líderes em manejo responsável do solo e dos recursos hídricos.
Diversos programas foram implementados para dar sustentação a essa estratégia. As ações incluem iniciativas voltadas à conservação do solo, uso racional da água, estímulo a sistemas produtivos de baixa emissão de carbono e incentivo financeiro a práticas ambientalmente corretas. Esse conjunto de medidas forma a base do avanço estadual na sustentabilidade agropecuária.
Segundo Verruck, a cooperação entre poder público, produtores rurais e instituições de pesquisa tem sido decisiva para acelerar a transição do setor. “Quando há integração de esforços, conseguimos construir uma agropecuária moderna, eficiente e alinhada às exigências ambientais atuais”, destacou.
Com planejamento técnico, investimento contínuo em ciência e políticas permanentes, Mato Grosso do Sul se consolida como referência em pecuária sustentável e de baixo carbono. O equilíbrio entre produção e conservação ambiental tem sido apontado como diferencial competitivo do Estado.
Levantamentos de instituições como o LAPIG e o MapBiomas indicam que parte significativa das áreas classificadas com baixo vigor de pastagem está localizada no Pantanal. Nesses casos, a condição está associada à dinâmica natural do bioma e à presença de vegetação nativa, não necessariamente a processos de degradação provocados pela atividade humana, fator considerado essencial para orientar políticas públicas adequadas.
Já dados do Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD) apontam que, onde há degradação efetiva, ela decorre principalmente de modelos antigos de pecuária extensiva, com baixa adoção de manejo, adubação e tecnologia. A queda na produtividade ao longo dos anos exigiu uma resposta estruturada, hoje incorporada como política pública permanente.
Entre as principais ações estaduais estão programas de restauração de áreas erodidas, incentivo à irrigação sustentável, promoção de sistemas integrados de produção, estímulo à pecuária eficiente e linhas de crédito específicas para projetos ambientais. Também se destaca o pagamento por serviços ambientais, que remunera produtores que preservam solo e água.
O avanço da sustentabilidade no campo também fortalece a credibilidade de Mato Grosso do Sul no mercado internacional. A Semadesc, em parceria com o Fundems, investe R$ 7,6 milhões em projetos de certificação e monitoramento de carbono na produção de soja e milho, alinhando o Estado às exigências dos principais compradores globais.
Na pecuária, além do reconhecimento como área livre de febre aftosa sem vacinação, conquistado em 2025, o Estado avança na implantação do Sistema Estadual de Rastreabilidade Bovina. A previsão é iniciar a implementação em 2026, com cobertura total até 2032, ampliando a transparência e a confiabilidade da cadeia produtiva.
Outro projeto em desenvolvimento é o Selo Verde, que irá integrar informações ambientais e produtivas, assegurando rastreabilidade socioambiental nas cadeias da carne e da soja.
Mato Grosso do Sul também lidera o país em áreas com sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), ultrapassando 3,6 milhões de hectares. Esse modelo contribui para diversificação de renda, recuperação do solo e redução da pressão por novas áreas de abertura.
O Estado figura ainda entre os maiores consumidores de bioinsumos do Brasil, impulsionado por um programa estadual criado em 2022. Paralelamente, projetos de intensificação de pastagens, confinamento sustentável e bem-estar animal têm elevado a produtividade no campo.
Em parceria com instituições como Agraer, Senar e órgãos federais, o governo estadual promove capacitações técnicas voltadas a práticas conservacionistas e de baixo carbono. Iniciativas como o Carbono ATeG, que auxilia produtores a medir e reduzir emissões de gases de efeito estufa, e o ABC Cerrado, com treinamentos em sistemas integrados e plantio direto, estão entre os destaques.
Para Verruck, o objetivo final é garantir que o produtor rural tenha acesso simultâneo à assistência técnica qualificada e a mecanismos de financiamento sustentável. “Queremos que cada propriedade produza mais, com eficiência, e conserve mais, fortalecendo o desenvolvimento econômico aliado à preservação ambiental”, concluiu.