Juliano Ferro afirma que hospital pode parar por falta de recursos e critica abandono do Estado: "Chegou a um ponto que não dá mais para ficar calado"
O prefeito de Ivinhema, Juliano Ferro (PSDB), usou as redes sociais para fazer um duro desabafo contra o Governo de Mato Grosso do Sul, cobrando publicamente o repasse de R$ 4,5 milhões da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MS), valor que, segundo ele, é essencial para garantir o funcionamento do Hospital Regional do município.
Conhecido por sua presença marcante nas redes, onde se autodeclara "o mais louco do Brasil", Juliano gravou uma live em frente ao hospital, visivelmente indignado com o que chamou de “abandono” por parte do Estado.
“Chegou a um ponto que não dá mais para ficar calado. A saúde está um caos e quem leva a culpa sou eu. Mas essa responsabilidade é do Estado”, reclamou. O prefeito afirma que o valor, atrasado desde fevereiro, compromete diretamente o atendimento e a sobrevivência da unidade hospitalar.
Durante a transmissão, Juliano percorreu os corredores do hospital e mostrou a situação de pacientes que aguardam por procedimentos urgentes. Um idoso de 85 anos está internado há 17 dias com a bacia fraturada, à espera de cirurgia. “Como isso não é alta complexidade? Ele pode pegar uma infecção a qualquer momento”, disse. Outro caso citado é o de uma mulher com fratura no fêmur, internada há dias, sem previsão de transferência.
Segundo o prefeito, a situação não é exclusiva de Ivinhema. “Recebi ligações de mais de 20 prefeitos relatando o mesmo cenário. Só que muitos não querem se expor. Mas eu não vou apanhar da população por algo que não é obrigação do município.”
A crise, no entanto, não é nova. Desde abril, relatos apontam superlotação no hospital e congestionamento na central de regulação de vagas em todo o estado. O problema, segundo gestores, é estrutural e atinge outras cidades, como Dourados, segundo maior município de Mato Grosso do Sul, que também enfrenta colapso no atendimento. Dourados recebe pacientes de diversos municípios vizinhos. O resultado é um sistema constantemente sobrecarregado, com filas de ambulâncias chegando diariamente.
Para Juliano Ferro, a solução passa por maior responsabilidade do Estado. “O município não pode continuar bancando sozinho algo que é de responsabilidade do governo estadual. Se não houver esse repasse, vamos parar”, concluiu.