Manifestação indígena foi dispersada com uso de gás e escudos; policiamento segue no local para evitar novo bloqueio
Após intervenção da Polícia Militar, o anel viário norte de Dourados foi desbloqueado no final da manhã desta segunda-feira (15), no trecho que dá acesso à Avenida Guaicurus. A liberação ocorreu depois da retirada de uma barricada montada com troncos de árvores, pneus e pedras, que impedia a passagem de veículos.
Para desobstruir a via, os policiais utilizaram escudos e bombas de gás. Com o avanço da equipe, o grupo de manifestantes indígenas recuou e passou a se concentrar em uma área de sítio às margens da rodovia. Segundo informações apuradas pela reportagem, o efetivo policial permanecerá no local, já que há risco de nova tentativa de interdição.
Durante a ação, alguns manifestantes utilizaram estilingues, lançaram pedras contra os policiais e também dispararam fogos de artifício. A maioria dos indígenas envolvidos mora em áreas de retomada na região, próximas à aldeia Bororó, e protesta contra os impactos do chamado Marco Temporal sobre os processos de demarcação de terras.
Nesta segunda-feira, dois pontos chegaram a ser bloqueados: um no entroncamento do anel viário com a rotatória de acesso à Avenida Guaicurus e outro nas proximidades do bairro Monte Carlo, também no anel viário. Apesar disso, a pista de acesso ao aeroporto, ao Exército e às universidades permaneceu liberada durante todo o período.
o retorno da mobilização teve início no domingo (14), entre o fim da manhã e o começo da tarde, e se estendeu ao longo do dia sem liberação total da via. O bloqueio se restringiu ao anel viário, sem afetar o deslocamento do centro da cidade em direção ao aeroporto e às instituições de ensino superior.
Na última quinta-feira (11), a comunidade indígena já havia interditado completamente o trecho entre a MS-156 e a Avenida Guaicurus, e o tráfego só foi normalizado após cerca de 24 horas.
O Marco Temporal é uma tese jurídica que limita o reconhecimento de terras indígenas àquelas ocupadas ou em disputa até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal. A medida é defendida por seus apoiadores como forma de garantir segurança jurídica, mas é alvo de críticas por, segundo lideranças indígenas e especialistas, desconsiderar históricos de expulsões e violência sofridas pelos povos originários ao longo do tempo.