Com média de 12 casos por dia, país registrou mais de 4,5 mil ocorrências em 2024; Conselho Federal de Medicina alerta para escalada de agressões em unidades de saúde
Mato Grosso do Sul aparece na 10ª colocação do ranking nacional, com 134 ocorrências registradas ano passado
Médicos seguem sendo alvo frequente de violência no Brasil. De acordo com levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), foram registrados 4.562 boletins de ocorrência em 2024 envolvendo algum tipo de agressão ou ameaça contra profissionais da saúde. Isso significa que, em média, 12 médicos foram vítimas de violência por dia em estabelecimentos de saúde em todo o país — a maior marca já registrada na série histórica da entidade.
Mato Grosso do Sul aparece na 10ª colocação do ranking nacional, com 134 ocorrências registradas ano passado. As agressões ocorreram em hospitais, postos de saúde, prontos-socorros, clínicas, consultórios e laboratórios, tanto públicos quanto privados.
Os dados são baseados em registros feitos nas delegacias de Polícia Civil de todos os estados e do Distrito Federal. Entre os crimes mais comuns estão ameaça, injúria, desacato, lesão corporal, calúnia, furto e até homicídio. Em 6% dos casos (256 registros), os médicos foram vítimas de ataques virtuais — pelas redes sociais ou aplicativos de mensagens.
A maioria dos agressores são pacientes, acompanhantes ou pessoas sem vínculo direto com o atendimento médico. Há também, em menor número, casos envolvendo colegas de trabalho.
Desde 2013, o CFM já contabilizou quase 40 mil ocorrências envolvendo violência contra médicos no Brasil. “Há, inclusive, registros de mortes de médicos”, destaca o presidente do CFM, José Hiran Gallo.
O levantamento mostra ainda que os casos são mais frequentes no interior do país, com 66% dos registros ocorrendo fora das capitais. Quanto ao perfil das vítimas, embora os homens ainda sejam maioria, a diferença entre os sexos diminui: foram 1.819 casos com médicos homens e 1.757 com mulheres. Em estados como Acre, Alagoas, Bahia, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Roraima e Tocantins, as mulheres foram mais atacadas que os homens.
O estado de São Paulo lidera o ranking, com 832 boletins de ocorrência registrados – o que representa quase 20% do total nacional. Paraná (767) e Minas Gerais (460) aparecem na sequência, seguidos por Santa Catarina (386) e Bahia (351).
No outro extremo da lista, os estados com menor número de registros são Acre (8), Espírito Santo (4), Amapá (18), Rondônia (24) e Paraíba (25).
Diante do cenário alarmante, o CFM reforça o apoio à aprovação de projetos que aumentam a pena para quem agride profissionais da saúde, como o PL nº 6.749/16, aprovado na Câmara dos Deputados. A entidade também defende a criação de delegacias especializadas no atendimento a crimes contra profissionais da saúde.
“É urgente que os gestores públicos do SUS e das áreas de segurança tomem medidas efetivas para prevenir e combater a violência nos ambientes de saúde. A negligência diante desse quadro é inadmissível”, alerta Hiran Gallo.